O Itaú passou por um dos maiores movimentos de rebranding dos últimos tempos no Brasil. Não foi só uma mudança de logotipo, mas uma reformulação em como a marca deseja ser vista, sentida e entendida.
A cor laranja continua como protagonista, agora com mais vitalidade e leveza. O tom foi calibrado para transmitir modernidade, proximidade e confiança. O tradicional “box” azul que envolvia a marca deu lugar a cantos mais arredondados e flexíveis, pensados para ambientes digitais e interfaces de menor escala. A tipografia foi suavizada, garantindo maior legibilidade e uma personalidade mais acessível. Não se trata apenas de estética: é uma forma de posicionamento diante de um mercado competitivo, onde bancos digitais apresentam visuais mais despojados e comunicação direta.
O banco percebeu que tradição já não basta. É preciso falar com pessoas conectadas, informadas, que buscam praticidade. Por isso, o visual agora adota formas mais simples, tipografia clara e comunicação mais autêntica. Há um claro movimento para conquistar um público mais jovem e antenado.
“Nenhuma marca tem propriedade exclusiva sobre uma cor, mas o Itaú inaugurou o laranja no segmento financeiro. A nova marca simplificou componentes e fez uma ligação direta do logo como mancha, dentro de uma tendência de simplificação em um mundo muito recortado.”
— Beto Guimarães, CEO da Interbrand
Foram 22 meses de pesquisa, testes e imersão comportamental para causar esse impacto: mais de 100 estudos tipográficos, 70 paletas cromáticas exploradas e dezenas de iterações na marca. A Pentagram conduziu a estratégia com Michael Bierut no comando, e Fábio Haag refinou a tipografia, uma colaboração de peso que contou ainda com Africa Creative, Galeria.ag e Fabio Haag Design.
Mas não foi só no design que o Itaú mexeu. O novo posicionamento foi consolidado com a tagline “Feito de Futuro”, que substitui antigas associações e busca projetar uma imagem de inovação e proximidade. O discurso é claro: a marca não quer apenas carregar seu legado de tradição, mas ser vista como protagonista de um novo tempo.
Esse tipo de movimento é estratégico — e também caro. O investimento nesse rebranding girou em torno de R$ 5 milhões, valor expressivo, mas pequeno se comparado ao retorno que uma marca desse porte pode gerar. Estudos globais mostram que marcas fortes podem reduzir em até 50% o custo de aquisição de clientes e que consumidores estão dispostos a pagar até 23% a mais por marcas que reconhecem e confiam. No caso do Itaú, uma mudança bem executada pode significar bilhões em valor de marca, preferência e fidelização a longo prazo.
O resultado é uma marca mais coerente e flexível, preparada para o digital sem perder presença no físico. Posicionamento é olhar adiante: saber quem somos, como agimos e como comunicamos. Nesse contexto, o design é a ferramenta que transforma essa promessa em experiência clara e consistente.
Fazer um rebranding deste porte exige coragem, paciência e visão estratégica. É um trabalho lento, de formiguinha. A confiança não surge com um logo novo, mas com ações constantes. Marca é sentimento. É valor simbólico, emocional e irracional. E somente o tempo, aliado à consistência, faz esse sentimento nascer e crescer.
por
Gustavo Lima

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