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Produto bom se vende sozinho?

Produto bom se vende sozinho?

Tempo de leitura: 3 min

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Quarta-feira, 24 de setembro de 2025

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Quarta-feira, 24 de setembro de 2025

Os tempos já foram mais simples.


No passado, abrir um comércio, contratar um carro de som, anunciar no jornal local e distribuir panfletos já era suficiente para garantir visibilidade. A mensagem chegava diretamente ao público, a lembrança permanecia, e naturalmente surgia o interesse. Era um mercado previsível, com regras claras e resultados proporcionais ao investimento.


Hoje, esse cenário mudou completamente, e quem não se adaptou está ficando para trás. Apoiar-se apenas no ponto físico e em estratégias tradicionais significa não apenas limitar os resultados, mas desperdiçar oportunidades de crescimento. Os números comprovam essa transformação: o Brasil registrou o maior crescimento mundial em e-commerce em 2024, com aumento de 16% nas vendas online, movimentando R$ 225 bilhões no ano.


Considere um pet shop de bairro típico: oferece ração, medicamentos, acessórios, banho, tosa e consultas veterinárias. A operação exige alto investimento em estoque, equipamentos, funcionários e aluguel. Sem presença digital estruturada, seu alcance fica restrito aos moradores da região.


Agora imagine esse mesmo negócio com um e-commerce otimizado: os produtos poderiam estar disponíveis para os 187,9 milhões de usuários de internet do Brasil, que representam 86,6% da população. A diferença não é apenas no quanto se perde, mas principalmente no potencial inexplorado. Enquanto o pet shop físico compete com 3 ou 4 concorrentes locais, o digital abre acesso a um mercado nacional, mas também intensifica a competição.


O digital transformou completamente a lógica do mercado. Segundo o Digital 2024 Global Overview Report, 66% das empresas globais aumentaram os investimentos em mídia paga em 2023. No Brasil, 94% das empresas já utilizam marketing digital como estratégia de crescimento, e cerca de 50% do orçamento de marketing é destinado ao ambiente online. O país se tornou o 6º maior mercado de anúncios digitais do mundo, com investimento estimado em R$ 28 bilhões. Esses dados não representam uma tendência passageira, mas uma mudança estrutural definitiva. Mesmo marcas consolidadas como Coca-Cola continuam investindo pesado para permanecer relevantes no inconsciente coletivo. A lógica é simples e implacável: não basta ter um produto excelente, atendimento de qualidade e entrega impecável se a marca não é vista. O que não aparece não é lembrado, e o que não é lembrado não vende.

As grandes plataformas entenderam essa dinâmica antes de todos. Meta Ads, TikTok Ads, LinkedIn Ads e Google Ads disputam diariamente a atenção do consumidor, refinando algoritmos e criando novos formatos publicitários. Mas a estratégia vai além da publicidade: empresas como 99, que começou oferecendo apenas corridas, hoje atua em alimentação e serviços financeiros. O iFood expandiu de entregas de restaurantes para farmácias, mercados e conveniências. A lógica é clara: presença constante e diversificação de pontos de contato.


É fundamental reconhecer que essas plataformas não trabalham em favor das marcas, mas sim dos próprios interesses. Seu objetivo principal é manter o usuário conectado o máximo de tempo possível e monetizar dados através da venda de anúncios. Cada clique, cada pesquisa, cada segundo de vídeo assistido se converte em informação valiosa. O usuário é simultaneamente consumidor e produto. Quem financia toda essa estrutura são as empresas que anunciam.


Diante dessa realidade, a saída não está em rejeitar o sistema, mas em dominá-lo estrategicamente. Não se trata de ocupar todos os espaços de forma desordenada, mas de estar presente nos lugares certos, com mensagem clara e investimento inteligente. As empresas que conseguem um ROI positivo seguem alguns princípios fundamentais:


Primeiro, conhecem profundamente seu público-alvo, utilizando dados para tomar decisões em vez de achismos. Segundo, constroem uma identidade de marca sólida e consistente em todos os pontos de contato. Terceiro, investem em tráfego pago com estratégia, testando, medindo e otimizando constantemente. Quarto, mantêm sites otimizados para conversão, não apenas para impressionar visualmente. Por fim, produzem conteúdo relevante que educa, entretém ou resolve problemas reais do consumidor.


O mercado oferece duas opções: insistir na sorte e nas estratégias do passado, ou construir um ativo digital capaz de gerar desejo, lembrança e valor no longo prazo. Os dados mostram que email marketing gera ROI de 4.200% (R$ 42 para cada R$ 1 investido), enquanto anúncios digitais entregam 300% mais retorno que mídia tradicional. Quem entendeu essa dinâmica está crescendo exponencialmente. Quem ainda não se adaptou não está apenas perdendo dinheiro, está perdendo relevância, mercado e futuro. A pergunta não é mais se vale a pena investir em digital, mas quanto tempo você pode se dar ao luxo de ficar de fora.